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«Apostar na qualidade»:


Das mãos deste artesão minhoto saem todo o tipo de instrumentos e, vinca, «todos feitos de forma artesanal», adiantando que «felizmente não compete com as lojas de venda». A arte de José concebe guitarras portuguesas (de Coimbra e de Lisboa) violas tradicionais (braguesa, beiroa, campaniça, amarantina, cavaquinhos, clássicas, folke), bandolins, bandolas, bandoletas e bandoncelos.

«Tenho de continuar a apostar na qualidade do meu trabalho e nos clientes fiéis que, ao longo destes anos, ainda se mantêm», realça. Reconhece que foram os clientes que lhe ensinaram algum «saber-fazer», sempre que lhe pediam instrumentos que nunca tinha feito.

A carteira de clientes de José Gonçalves preenche o mapa de Portugal de Norte a Sul do país, com grande destaque para a região minhota.

Mas o seu trabalho vai também além-fronteiras.

Quanto aos materiais, garante que trabalha apenas com madeiras maciças e nobres, como o pau-santo, o ébano, a nogueira e o mogno, que compra a madeireiros locais ou a importadores.

Cada instrumento que José faz, «pode durar toda uma vida», lembrando que «os músicos, coleccionadores ou grupos musicais» que a si recorrem «preferem ter um instrumento concebido de forma artesanal. É o garante da qualidade», sublinha.

José afiança que, por mês, faz cerca de seis instrumentos, sendo que, por exemplo, uma guitarra portuguesa pode levar 30 dias a ser produzida de raiz. Os preços «variam muito, entre os 100 euros e os 1000 euros».


«Os jovens, hoje, não querem aprender ofícios nem sequer manter vivo o negócio familiar. Sei que quando eu sair, isto acaba aqui», conclui com um brilho triste no olhar, dizendo, ao mesmo tempo, que «enquanto eu cá estiver, ainda se continuarão a fazer violas tradicionais como antigamente.

Sobre o futuro da casa que herdou do pai, José Gonçalves sabe que muito provavelmente não haverá sucessores que prossigam o negócio.

 

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